A gigante chinesa Baidu anunciou nesta terça feira (27/09) a criação de um fundo de investimento no valor de US$ 60 milhões. O foco é investir em startups brasileiras que estejam em fase de crescimento, ou seja, com produto ou soluções já concluídas, modelo de negócios definido e base de usuários.
“A gente enxerga muito potencial de crescimento comercial no mercado brasileiro”, ressalta Yan Di, country manager da Baidu, em coletiva de imprensa.
Além de aporte financeiro, a iniciativa prevê a transferência de tecnologia, tráfego mobile e experiência internacional, além de facilitar acesso a um grande mercado como a China.
Trata-se do primeiro fundo de investimentos em outro mercado que não o chinês. O interesse da empresa no Brasil retoma a um relacionamento que começou em 2013, quando iniciou suas operações por aqui e que, segundo Yan Di, proporcionou uma “sinergia” vantajosa para os dois lados.
Para o executivo, o momento de recessão econômica é também uma boa oportunidade para mirar em jovens empresas digitais. “Os ativos brasileiros estão mais baratos agora, estamos acompanhando a recuperação e esses ativos vão se valorizar. Agora é o melhor momento para investir e também enxergamos muita sinergia com o Brasil e não é só um sentimento. Temos provas disso”.
O executivo diz respeito a aquisição em 2014 da startup brasileira Peixe Urbano, uma das pioneiras no modelo de compras coletivas no Brasil. Segundo a chinesa, o aporte foi responsável por uma expansão de 100% no volume de vendas da empresa brasileira. “Isso reforçou nossa confiança em continuar investindo no mercado local”, reforça Di.
O fundo batizado de “Easterly Ventures” prevê investimento em 10 a 15 startups em um período de cinco anos. Segundo a Baidu, há possibilidade de dobrar o valor do fundo caso a companhia “identifique a necessidade”. Em termos de participação nas startups, Yan Di ressalta que a chinesa se manterá minoritária.
Os primeiros investimentos poderão ser anunciados ainda em 2016. A Baidu busca startups brasileiras que possuam soluções relacionadas com os seus ativos, com foco especial em startups voltadas para serviços e conteúdo local.
“Sentimos que há duas áreas que possuem grande potencial de crescimento aqui: conteúdo local e serviço local. Acho que os brasileiros não conseguem competir com grandes players de Internet em canais de tráfego, como Facebook que domina o mercado de mídia social e serviços de busca, caso do Google que detém mais de 90% do market share. Você não tem como competir com esses gigantes internacionais em tráfego. Mas você tem competitividade máxima quando se fala em serviço e conteúdo locais. O brasileiro sabe o que o se quer consumir em termos de notícias, de entretenimento e você consegue produzir um serviço de altíssima qualidade e ele sabe como negociar”, reflete.
Inovação nos moldes chineses
O country manager ressalta o exemplo da China como modelo de inovação para startups brasileiras. O próprio nome do fundo, “Easterly Ventures” remete a direção para “ventos chineses”.
“O brasileiro poderia olhar um pouco mais para o Oriente. Conhece-se apenas metade da Internet e se você olhar o ranking das maiores empresas de Internet, metade são chinesas. Os EUA divide o mercado internacional de Internet com a China”, compara.
O executivo coloca em perspectiva o setor de Venture Capital no país de origem. “No ano passado, 4.400 startups foram investidas na China, com US$ 60 bilhões dedicados a investimento de risco”. A previsão é que no próximo ano a China capte mais de US$ 100 bilhões em venture capital, superando os Estados Unidos, diz o country manager.
Além de deter o segundo motor de buscas mais usado na Internet, perdendo só para o Google, a Baidu tem se destacado também em outras frentes, entre elas big data, inteligência artificial e mais recentemente em carros autônomos. No início de setembro, a gigante chinesa anunciou que conseguiu permissão para testar sua tecnologia automobilística nas ruas da Califórnia, onde o Google também testa carros sem motorista.
Além do fundo de investimento, a Baidu também tem se aproximado no Brasil de startups de origem “acadêmica”. Neste ano, lançou o “Baidu Acelera” onde prevê aporte de R$ 100 mil nas startus selecionadas.
Fonte: IDG Now!
